quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sobre o Encontro com Deus (Visão G12). A minha experiência em acordo com a experiência de outro irmão em Cristo.


Apenas sobre o Encontro:

       O Encontro começou para nós com o chamado “pré-encontro”, uma série de longas palestras onde se repassavam os princípios básicos da fé cristã: O Plano de Salvação, Justificação, Santificação, etc. Até aí tudo bem, afinal nada melhor do que estudar novamente estes princípios, uma vez que muitos cristãos dos nossos dias não são íntimos de nenhum deles.

      Partimos então para o retiro que aconteceu em um local isolado. Lembrei-me de retiros espirituais que fazia nos carnavais onde o poder de Deus descia e todos voltavamos para casa cheios do Espírito de Deus.
É importante frisar que todo o trabalho de preparação psicológica começou com um misterioso segredo sobre onde se daria o Encontro e o que lá iria acontecer, na minha mente e creio que, nas dos demais participantes, esperávamos mais um retiro com momentos de estudo da Palavra e também de lazer. Qual não foi a nossa surpresa, fomos recebidos com as ordens de silêncio absoluto, apreensão de relógios, telefones celulares comandos estranhos e a total obediência aos “encontristas” (irmãos que trabalharam no retiro).

       Fomos levados à primeira palestra que tinha como tema “Peniel”, palavra hebraica que significa face a face com Deus. Depois de ouvirmos da importância do encontro com o Senhor, fomos orientados a, individualmente, orarmos e confessarmos a Deus as nossas falhas conversando em voz audível somente a nós mesmos.

             Durante as palestras ouvíamos ao fundo duas ou três músicas que seriam tocadas repetidamente durante todo o retiro. As músicas criavam um ambiente propício para o que aconteceria mais tarde.

       Fomos dormir muito tarde, depois de passar fome por um período de tempo (com a desculpa de que estávamos sob obediência e aprendendo a ser liderados) com a obrigação de acordarmos muito cedo no dia seguinte. O silêncio continuava a imperar. É bom lembrar que esta cobrança começou a provocar em todos nós sentimentos de repulsa e revolta, sendo que algumas pessoas até chegaram a desejar voltar para casa. 

Jesus faria isso conosco? Como Jesus agiria? O tratar do Senhor conosco é testificado em nossos corações e mentes com muito amor. Não ficamos em dúvidas e nada é obscuro. Dentro desse pensamento que continuava em mim, comecei a perceber com mais ênfase a intransigência dos homens para com os submetidos.

 ATENÇÃO: Um dos dons mais claros dados por Deus à humanidade, foi retirado de nós em grande porcentagem neste encontro. Esse dom chama-se: livre-arbítrio. Submeter-se a uma autoridade é bom. Mas me submeter a uma autoridade que atua de forma abusiva em nome de Deus, absolutamente! Eu apenas não deixei o encontro na mesma noite porque eu precisava conhecer o esquema para entender a cabeça dos meus líderes. É importante conhecermos e entendermos o que está a nossa volta.

       No dia seguinte recomeçaram as palestras, algumas até muito boas! Porém, a partir de então surgiram as ministrações de conteúdo duvidoso. Estou me referindo ao momento de cura interior (muito semelhante a regressões feitas em centros e em consultorios de psiquiatria). Depois de uma ministração, fomos orientados a nos acomodar ou sentados ou deitados e a fazermos um mergulho no nosso passado numa espécie de processo regressivo. (????)

       Nos foi dito que deveríamos pensar em tudo o que passamos como lembrarmos da nossa infância e adolescência e os momentos em que ofendemos ou pecamos contra alguma pessoa e a pedirmos perdão a Deus por isto.

       Só uma observação: ora, porque eu deveria lembrar do meu passado se já fui liberta e salva pelo sangue de Jesus? Eu já era Cristã antes do Encontro assim como a maioria ali, e me reconheço uma pecadora que luta contra pecado, rumo à santidade. Escutei, então, algo completamente diferente do que eu escuto constantemente nos cultos sobre Deus nos perdoar e esquecer o nosso passado. E que nós devemos nos perdoar também e sermos libertos. É ou não é, tudo isso, uma manipulação psicológica para levar-nos ao transe emocional e gerar um esquema que nos faz sentir que o encontro é tremendo?

Depois disto deveríamos colocar num papel os nossos pecados e pregá-los em uma cruz de madeira, durante todas as palestras. Ao final de tudo seguimos juntos para um espaço ermo e escuro onde nos reunimos em um grande círculo com uma fogueira no centro. Após este momento de “ministração” e oração, queimamos os papeis pregados com os nossos pecados e finalmente o “diabo não teria mais do que nos acusar”. Para quem não sabe, esta é uma prática da filosofia oriental Sei-Cho-Noe em suas reuniões. Mais uma vez, onde está o embasamento bíblico pra ficarmos queimando pecados escritos em papéis?

       Ao voltarmos para ao local das palestras, sentido-nos “livres”, encontramos um ambiente totalmente diferente. Em vez de uma música suave e introspectiva, tocava-se música de alegria.  A euforia era total entre todos, nossas emoções estavam à flor da pele e comemorávamos como numa conquista de copa do mundo: pulos, abraços, risos e lágrimas de alegria. Afinal, estávamos “limpos e livres”.

       No último dia, as exigências já não eram tantas e assistimos a uma palestra onde nos foi passado um teatro altamente devastador e bizarro sobre como o diabo age em nossas vidas. Isso incluia gritos, xingamentos, máscaras demoníacas e muitos sustos. 

Uma experiência pessoal: Eu não precisei de teatro para saber como Deus  ou o diabo agiam em minha vida. Deus me revelou pessoalmente seus planos e me proporcionou dons que me revelam o sobrenatural sem precisar ser manipulada por homens à isso. Tive visões e em poucas delas vi o diabo em personalizações diferentes. Por isso, sou completamente a favor de seguir fielmente a palavra de Deus e ensiná-la de forma sã ao invés de ensiná-la de forma bizarra e repudiosa.

 Aquele teatro fez-me sentir uma completa palhaça diante dos encontristas mascarados e diante de tudo o que eu já aprendi sobre o mundo espiritual e da Bíblia.  Foi desproporcional ver os irmãos que ficavam constantemente orando por nós com as mãos levantadas em uma posição visualmente, de nível superior ao dos demais. Uma forma também de nos fazer sentir sob comando e em posição de inferioridade espiritual. 

Senti pena de muitos deles pelo sacrifício que fizeram, acreditando estar fazendo o melhor. Deus escuta as orações e realiza desejos. Mas muita coisa era do homem naquele lugar.

Ao final, fomos orientados a nos deitar e a fechar os olhos, sob pena de que, se fizéssemos o contrário, seríamos considerados desobedientes. Colocavam algo perto de nós e falavam até o momento em que nos foi liberado abrir os lhos. Em baixo de nossas cadeiras, se encontravam um pacote com fotos e correspondências de familiares e amigos do encontro. Poucos conseguiram conter a emoção. Pronto! o encontro teria sido tremendo!!! E nada mais que isso poderia ser dito após o nosso retorno. Sentimo-nos amados ao máximo. Que maravilha...

       Confesso que não me lembro de todos os detalhes e preferi não expor outras coisas que considero de menos importância como o pós-encontro, e etc.

       Nota-se claramente o forte apelo emocional do encontro. Desde a sua preparação, o seu segredo, até a sua chegada com o forte sentimento de opressão que viria mais tarde a contrastar com a sensação de liberdade. É um tratamento de choque. Se você sai do deserto para o oásis, com certeza a sensação será "tremendamente" agradável e renovadora ao final. Tudo psicológicamente manipulado e estudado sem embasamento bíblico para tais atitudes.

   Repetindo: tudo preparado nos mínimos detalhes para uma manipulação emocional e psicológica que viria a parecer algo espiritual, impressão que muitos têm e por isso eles fazem declarações emocionadas, tipo: “finalmente conheci a Jesus”, “agora eu realmente me converti” e, é óbvio, não poderia faltar: “o encontro é tremendo!”

       A música, o ambiente cheio de recomendações de silêncio, as palestras emotivas, o isolamento (todos perto, comendo, dormindo e etc porém, sem poder falar), a queimação dos papéis, o momento do teatro bizarro, o correio e no meio disto tudo, o ensino de um método que parece uma das únicas soluções para a igreja, uma das únicas viáveis para o crescimento da obra de Deus. Ahhhh, homens de pouca fé. A obra é de Deus. Descanse nela, pregue o evangelho são e o mais, Deus fará. E é triste ver como essa visão intransigente de angariar almas tem se espalhado muito no Brasil. 

Ao final, pede-se dinheiro para continuarmos investindo com esse esquema. Eu dei! Para verem como o esquema funciona, na hora não enxerguei, mas após sair de lá, senti que fui despersonalizada por algum tempo. Só quando voltei para casa, comecei a buscar mais e a estudar mais sobre toda aquela situação.

Quero apenas saber da Palavra sã, sem heresias, manipulações, loucuras e bizarrices.

Por favor, me convidem para retiros espirituais. Amo ter um tempo mais longo com Deus sem o stress do dia-a-dia a minha volta. Mas nunca me chamem para trabalhar em um “Encontro com Deus”.

Acredito que Deus se faça presente nesses encontros porque Ele está no meio daqueles que O clamam e que abrem seus corações com humildade e amor. Mas será que Jesus seria um encontrista?

Testemunho de Mariana Espindola em conjunto com o testemunho de Clériston Andrade.